

Mantras
O estudo dos mantras se dá com base no estudo do alfabeto sânscrito ou “Matrika” – a língua mãe; “Ela que liga e Ela que liberta”. A palavra mantra é formada por duas palavras sânscritas “manas” ou mente, que fornece a sílaba “man/homem” – que significa pensar, meditar, contemplar, perceber e compreender e “trai” – proteger ou libertar-se. Dessa forma, mantra corresponde ao processo de “libertar-se da mente”, a ferramenta capaz de acalmar a mente, permitindo o acesso ao Eu superior.
A mente se expande, se aprofunda e se alarga e, eventualmente, mergulha na essência da existência cósmica. Em sua jornada, a mente passa a entender muito sobre a essência da vibração das coisas. E o conhecimento, como todos sabemos, é poder. No caso do mantra, esse poder é tangível e manejável. (Thomas Ashley-Farrand)
Sendo assim, o uso dos mantras corresponde ao trabalho potencial de energia sutil em cada centro energético (chakra) ou campo de energia no corpo etérico de um indivíduo e é manifestado através da fala, ou melhor, pelo o uso do som proveniente da associação do elemento éter, o mais sutil dos cinco elementos.
O mantra alinha a energia do corpo físico e da mente aos estados puros da natureza universal. Ele faz essa conexão entre a mente e o som puro. É nesse estado em que o ser atinge um ponto de equilíbrio, liberto de todas as atividades mentais e em comunhão com o estado de silêncio – a fonte de todos os sons. Nesse ponto torna-se possível experienciar toda a plenitude e acessar respostas e informações vindas de uma consciência maior.
Segundo a tradição iogue, o mantra corresponde à métrica perfeita que decifra todos os códigos universais, permitindo acessar qualquer forma de cura a partir de um estado mental, seja ela física, emocional ou espiritual. Essa linguagem, profundamente enraizada no som, possibilita também a compreensão e a conexão profunda do ser com o Todo e com todas as leis cósmicas universais.
Cada pessoa apresenta uma qualidade sonora individual e única. Isso representa a formação de todas as energias que sustentam, metabolizam e movimentam os corpos. Harmonizar essas vibrações sonoras internas é imprescindível para a obtenção de uma vida em equilíbrio.

Existe um código de som ou padrão vibratório por trás do próprio universo, incorporado no tecido da existência que contém as formas de inteligência, informação e energia através das quais todos os processos da vida operam. Conectar-se a essa vibração universal é a base da busca iogue do mantra [...] Cada objeto externo tem sua própria vibração sonora característica que o sustenta. Nossos próprios corpos, mentes e corações têm seus próprios padrões sonoros característicos, que por sua vez são afetados pelo espectro de sons ao nosso redor. (David Frawley)
A forma correta de usar os mantras é estudada nos grandes Upanishads, que correspondem à fonte do conhecimento escrito da tradição hindu, trazendo a compreensão e a clareza dos mantras e dos sons semente ou primitivos ao conectar o seu uso aos ensinamentos védicos mais profundos.
Os processos de cura através do uso dos mantras e também dos sons primordiais ocorrem, por excelência, ao partir dos estados mais sutis aos estados de maior densidade, promovendo bem-estar espiritual, mental e físico; demonstrando e, de certa forma, materializando essa tecnologia védica e tântrica, decodificando os estados mais sublimes e superiores de energia tanto da consciência individual quanto da consciência universal e permitindo, inclusive, o domínio sobre as forças da natureza como os cinco grande elementos, as gunas e os doshas, além das próprias fontes da criação.
Além disso, o uso dos mantras, aplicado além da limitação do ego e de forma consciente e estruturada com o seu correto estudo, entoação e prática, é capaz de alinhar o ser ao seu próprio dharma e de romper aspectos e limitações muitas vezes advindas de experiências mal vividas até mesmo em vidas passadas e que se manifestam no estado presente pela lei do karma. Assim, os mantras podem ser perfeitamente associados à terapia ayurveda e a terapia sonora.